SALVE MARIA!
EVANGELHO DO DIA 18 de abril de 2014
Ano A - João
18,1-19,42
Louvor e honra a
vós, Senhor Jesus.
Jesus Cristo se torno obediente, obediente até a morte numa cruz; pelo que o
Senhor Deus o exaltou e deu-lhe um nome muito acima de outro nome (Fl 2,8s).
Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo João.
Naquele tempo, 1 Jesus saiu com os seus discípulos para além da
torrente de Cedron, onde havia um jardim, no qual entrou com os seus
discípulos. 2 Judas, o traidor, conhecia também aquele lugar, porque
Jesus ia freqüentemente para lá com os seus discípulos. 3 Tomou
então Judas a coorte e os guardas de serviço dos pontífices e dos fariseus, e
chegaram ali com lanternas, tochas e armas. 4 Como Jesus soubesse
tudo o que havia de lhe acontecer, adiantou-se e perguntou-lhes: A quem
buscais?
5 Responderam: A Jesus de Nazaré.
Jesus respondeu: Sou
eu. Também Judas, o traidor, estava com eles.
6 Quando lhes disse Sou eu, recuaram e caíram por
terra.
7 Perguntou-lhes ele, pela segunda vez: A quem
buscais? Disseram:A Jesus de Nazaré.
8 Replicou Jesus: Já vos disse que sou eu. Se é,
pois, a mim que buscais, deixai ir estes.
9 Assim se cumpriu a palavra que disse: “Dos que me
deste não perdi nenhum”.
10 Simão Pedro, que tinha uma espada, puxou dela e
feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha direita. O servo
chamava-se Malco.
11 Mas Jesus disse a Pedro: Enfia a tua espada na
bainha! Não hei de beber eu o cálice que o Pai me deu?
12 Então a corte, o tribuno e os guardas dos judeus prenderam Jesus
e o ataram.
13 Conduziram-no primeiro a Anás, por ser sogro de
Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano.
14 Caifás fora quem dera aos judeus o conselho: Convém
que um só homem morra em lugar do povo.
15 Simão Pedro seguia Jesus, e mais outro discípulo.
Este discípulo era conhecido do sumo sacerdote e entrou com Jesus no pátio da
casa do sumo sacerdote,
16 porém, Pedro ficou de fora, à porta. Mas o outro
discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, saiu e falou à porteira, e esta
deixou Pedro entrar.
17 A porteira perguntou a Pedro: Não és acaso também
tu dos discípulos desse homem? Respondeu Pedro: Não o sou.
18 Os servos e os guardas acenderam um fogo, porque fazia frio, e se
aqueciam. Com eles estava também Pedro, de pé, aquecendo-se.
19 O sumo sacerdote indagou de Jesus acerca dos seus
discípulos e da sua doutrina.
20 Jesus respondeu-lhe: Falei publicamente ao mundo.
Ensinei na sinagoga e no templo, onde se reúnem os judeus, e nada falei às
ocultas.
21 Por que me perguntas? Pergunta àqueles que ouviram
o que lhes disse. Estes sabem o que ensinei.
22 A estas palavras, um dos guardas presentes deu uma
bofetada em Jesus, dizendo: É assim que respondes ao sumo sacerdote? Replicou-lhe
Jesus:
23 Se falei mal, prova-o, mas se falei bem, por que me bates?
24 Anás enviou-o preso ao sumo sacerdote Caifás.
25 Simão Pedro estava lá se aquecendo.
Perguntaram-lhe: Não és porventura, também tu, dos seus discípulos? Pedro
negou: Não!
26 Disse-lhe um dos servos do sumo sacerdote, parente
daquele a quem Pedro cortara a orelha: Não te vi eu com ele no horto?
27 Mas Pedro negou-o outra vez, e imediatamente o galo cantou.
28 Da casa de Caifás conduziram Jesus ao pretório.
Era de manhã cedo. Mas os judeus não entraram no pretório, para não se
contaminarem e poderem comer a Páscoa.
29 Saiu, por isso, Pilatos para ter com eles, e
perguntou: Que acusação trazeis contra este homem?
30 Responderam-lhe: Se este não fosse malfeitor, não
o teríamos entregue a ti.
31 Disse, então, Pilatos: Tomai-o e julgai-o vós mesmos segundo a
vossa lei. Responderam-lhe os judeus: Não nos é permitido matar ninguém.
32 Assim, se cumpria a palavra, com a qual Jesus
indicou de que gênero de morte havia de morrer.
33 Pilatos entrou no pretório, chamou Jesus e
perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus?
34 Jesus respondeu: Dizes isso por ti mesmo, ou foram
outros que to disseram de mim?
35 Disse Pilatos:Acaso sou eu judeu? A tua nação e os
sumos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste?
36 Respondeu Jesus: O meu Reino não é deste mundo. Se
o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para
que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo.
37 Perguntou-lhe então Pilatos: És, portanto, rei? Respondeu Jesus: Sim,
eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o
que é da verdade ouve a minha voz.
38 Disse-lhe Pilatos: O que é
a verdade? Falando isso, saiu de novo,
foi ter com os judeus e disse-lhes: Não acho nele crime algum.
39 Mas é costume entre vós que pela Páscoa vos solte
um preso. Quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus?
40 Então todos gritaram novamente e disseram:
19 1 Não! A este não! Mas a Barrabás! Barrabás
era um salteador. Pilatos mandou então flagelar Jesus.
2 Os soldados teceram de espinhos uma coroa e
puseram-lha sobre a cabeça e cobriram-no com um manto de púrpura.
3 Aproximavam-se dele e diziam: Salve, rei dos
judeus! E davam-lhe bofetadas. 4 Pilatos saiu outra vez e disse-lhes:
Eis que vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele nenhum motivo de
acusação.
5 Apareceu então Jesus, trazendo a coroa de espinhos
e o manto de púrpura. Pilatos disse: Eis o homem!
6 Quando os pontífices e os guardas o viram,
gritaram: Crucifica-o! Crucifica-o! Falou-lhes Pilatos: Tomai-o vós e
crucificai-o, pois eu não acho nele culpa alguma. Responderam-lhe os judeus:
7 Nós temos uma lei, e segundo essa lei ele deve morrer, porque se
declarou Filho de Deus.
8 Estas palavras impressionaram Pilatos.
9 Entrou novamente no pretório e perguntou a Jesus: De
onde és tu? Mas Jesus não lhe respondeu.
10 Pilatos então lhe disse: Tu não me respondes? Não
sabes que tenho poder para te soltar e para te crucificar?
11 Respondeu Jesus: Não terias poder algum sobre mim,
se de cima não te fora dado. Por isso, quem me entregou a ti tem pecado maior.
12 Desde então Pilatos procurava soltá-lo. Mas os
judeus gritavam: Se o soltares, não és amigo do imperador, porque todo o que se
faz rei se declara contra o imperador.
13 Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para
fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Lajeado, em hebraico Gábata.
14 Era a Preparação para a Páscoa, cerca da hora sexta.
Pilatos disse aos judeus: Eis o vosso rei!
15 Mas eles clamavam: Fora com ele! Fora com ele!
Crucifica-o! Pilatos perguntou-lhes: Hei de crucificar o vosso rei? Os sumos
sacerdotes responderam: Não temos outro rei senão César!
16 Entregou-o então a eles para que fosse
crucificado. Levaram então consigo Jesus.
17 Ele próprio carregava a sua cruz para fora da
cidade, em direção ao lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota.
18 Ali o crucificaram, e com ele outros dois, um de
cada lado, e Jesus no meio. 19 Pilatos redigiu também uma inscrição
e a fixou por cima da cruz. Nela estava escrito: “Jesus de Nazaré, rei dos
judeus”.
20 Muitos dos judeus leram essa inscrição, porque
Jesus foi crucificado perto da cidade e a inscrição era redigida em hebraico,
em latim e em grego.
21 Os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos:
G: Não escrevas: “Rei dos judeus”, mas sim: “Este homem disse ser o rei dos
judeus”.
22 Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi.
23 Depois de os soldados crucificarem Jesus, tomaram
as suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. A túnica,
porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura.
24 Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos,
mas deitemos sorte sobre ela, para ver de quem será. Assim se cumpria a
Escritura: “Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sorte sobre a minha
túnica”. Isso fizeram os soldados.
25 Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a
irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena.
26 Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo
que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho.
27 Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa
hora em diante o discípulo a levou para a sua casa.
28 Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava
consumado, para se cumprir plenamente a Escritura, disse: Tenho sede.
29 Havia ali um vaso cheio de vinagre. Os soldados
encheram de vinagre uma esponja e, fixando-a numa vara de hissopo, chegaram-lhe
à boca.
30 Havendo Jesus tomado do vinagre, disse: Tudo está
consumado. Inclinou a cabeça e rendeu o espírito.
31 Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz
durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente
solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados.
32 Vieram os soldados e quebraram as pernas do
primeiro e do outro, que com ele foram crucificados.
33 Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto,
não lhe quebraram as pernas,
34 mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança
e, imediatamente, saiu sangue e água.
35 O que foi testemunha desse fato o atesta (e o seu
testemunho é digno de fé, e ele sabe que diz a verdade), a fim de que vós creiais.
36 Assim se cumpriu a Escritura: “Nenhum dos seus
ossos será quebrado”.
37 E diz em outra parte a Escritura: “Olharão para
aquele que transpassaram”. 38 Depois disso, José de Arimatéia, que
era discípulo de Jesus, mas ocultamente, por medo dos judeus, rogou a Pilatos a
autorização para tirar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu. Foi, pois, e tirou o
corpo de Jesus.
39 Acompanhou-o Nicodemos (aquele que anteriormente
fora de noite ter com Jesus), levando umas cem libras de uma mistura de mirra e
aloés.
40 Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em panos
com os aromas, como os judeus costumam sepultar.
41 No lugar em que ele foi crucificado havia um
jardim, e no jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda fora depositado.
42 Foi ali que depositaram Jesus por causa da
Preparação dos judeus e da proximidade do túmulo.
Palavra da Salvação. Glória a Vós, Senhor!
COMENTÁRIO DO
EVANGELHO
Paixão de Jesus
Jesus no monte das Oliveiras. Ele reza. Os Apóstolos dormem. Já se ouviam, descendo de Jerusalém e subindo o monte das Oliveiras, os passos dos que iriam prendê-lo. Jesus tinha previsto os sofrimentos pelos quais iria passar. Prostrado em terra, “Ele ora com mais insistência ainda e o suor se lhe tornou semelhante a espessas gotas de sangue que caiam por terra”. Indo aos discípulos, que “estavam à distância de um arremesso de pedra”, como que procurando consolo e alívio, chama por eles. Vendo-os dormindo, diz-lhes: “Dormi agora e repousai”. E em tom de reprimenda: “Não conseguis vigiar nem uma hora comigo?” Tomados pelo cansaço, Pedro e os demais se deixam vencer pelo torpor do sono. Jesus sente-se só e retorna à oração. Seus lábios se abrem e ouvem-se murmúrios de uma alma aflita: “Abba, Pai, se possível afaste de mim este cálice”. Luta interior e, ao contrário de Adão, num fio de voz, Ele exclama: “Entretanto, não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres... Não a minha vontade, mas a tua”. Entrega total do Filho ao amor do Pai, força que lhe permite afrontar e vencer a morte. Então, voltando-se para discípulos, Ele os acorda: “Levantai-vos! Vamos! Eis que meu traidor está chegando”.
Os soldados o rodeiam. Judas se adianta e o saúda: “Salve Mestre, beijando-o”. Num último apelo, sussurra-lhe Jesus: “Amigo, para que estás aqui?” “Com um beijo entregas o Filho do homem”. Seus inimigos venciam e o plano por eles arquitetado alcançava pleno êxito. Tomados pelo pânico, os Apóstolos, apesar das promessas de fidelidade, dispersam-se. Somente Pedro e João o seguem, de longe. Preso, arrastado e vilipendiado, os soldados o levam consigo e o lançam na prisão. É a paixão do Senhor e, mais tarde, a sua crucifixão.
No dia 14 nisan, ao meio-dia, um grupo de pessoas avança em direção ao Gólgota. Jesus caminha a passos lentos, carregando nos ombros, conforme costume da época, o braço horizontal da cruz. No alto da colina, algumas mulheres, dentre elas a sua mãe Maria, assistem à crucifixão. O eco terrível dos martelos, que fincavam os cravos em seus pulsos e pés, soa em seus corações. Erguido do chão, os olhos de Jesus não se turvam, mas doces e serenos se fixam em seus algozes. Já entrecortada de dores, sua voz percute no silêncio dos seus corações indiferentes: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”. O ar carregado e zombador dos inimigos não supera a misericórdia do Crucificado. Até o bom ladrão dela participa: “Ainda hoje estarás comigo no paraíso”. Nuvens carregadas cobrem o céu, parecendo encobrir a vergonhosa loucura dos homens. Alguns transeuntes zombam dele, outros caçoam. Jamais perdendo a serenidade, voltando-se para seu discípulo amado, Jesus recomenda: “Eis tua Mãe”, e para sua Mãe: “Eis teu filho”. Representando todo verdadeiro discípulo de Jesus, João reconhece Maria como sua mãe, que, com carinho maternal, o abraça. Afago materno que se estende pelos séculos, consolando-nos e animando-nos no seguimento do Filho amado.
Após sentir em seus lábios uma esponja embebida de vinagre, Jesus com voz forte brada: “Tudo está consumado”. Diz Orígenes: “Com plena confiança, ele entregou seu espírito nas mãos do Pai”. A terra treme, fendas aparecem nos rochedos e o centurião, que ouvira suas últimas palavras, “Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito”, confessa: “Na verdade, Ele era o Filho de Deus”. Jesus, nosso Salvador deu a vida por toda a humanidade. E nós, mergulhados no seu inefável mistério de amor, dizemos com S. Gregório de Nazianzo: “Uma só gota de seu sangue renova o mundo inteiro”. No abandono total, experiência de sua natureza humana, Jesus se volta para o Pai e, na gratuidade plena, entrega-se a Ele. Salvação e reconciliação, paz e felicidade descem até nós, banhando nossa vida e nos transformando em arautos da Boa-Nova.
(Dom Fernando Antônio Figueiredo)
ORAÇÃO
Pai, confirma minha condição de discípulo do Reino instaurado por Jesus na história humana, fazendo-me acreditar sempre mais na força da justiça e do amor.
Amém!